
Enxugando gelo, diz governador (centro), em coletiva, criticando a libertação dos 50 presos que participaram do foguetório que comemorou cinco anos do Comando Vermelho no Amazonas. Foto: Alex Pazzuelo/ Secom
O governador Wilson Lima disse hoje (12/02) que a segurança do Amazonas sente como se estivesse “enxugando gelo”, depois que os presos pelo foguetório de segunda-feira (11/02) foram libertados. Foram 50, ao todo, flagrados não só disparando os petardos, mas também com armas e drogas. Após audiência de custódia, dia seguinte, todos foram libertados. Wilson disse que foi ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pedir ação na fronteira. “O Amazonas não produz nem as drogas, nem as armas que circulam no Estado”, lembrou.
Fronteira
O tráfico usa o Amazonas, rios e floresta, para transporte da droga. O governador lembra que a Colômbia é o maior produtor de cocaína e o Peru de maconha. Esqueceu a Bolívia, que produz maconha, inclusive a industrializada, conhecida como skunk (ou skank). Todos estão na fronteira brasileira no Amazonas.
Novos policiais
O governador anunciou a convocação de outros aprovados nos concursos de 2022, para as forças de segurança pública do Amazonas. Veja a lista, abaixo, com data de convocação:
Posse em março
Polícia Civil (delegados, escrivães, investigadores e peritos) – 63
SSP-AM (técnicos de nível superior e assistentes operacionais) – 36
Detran-AM (substituição dos convocados que desistiram) – 38
Polícia Militar (entre oficiais e oficiais de saúde) – 127
Posse em maio
Polícia Civil (delegados, investigadores, escrivães e peritos) – 63
SSP-AM (técnico de nível superior e assistente operacional) – 36
Polícia Militar (soldados do cadastro de reserva) – 500
Bombeiro Militar – 210
O governador e assessoria garantem que esses 1.073 novos convocados completam o que estava previsto no edital do concurso.
Todos no interior
O secretário de Segurança, coronel PM Marcos Vinícius, anunciou que todos os novos delegados, escrivães e investigadores da Polícia Civil irão para o interior. Determinação legal prevê isso.
O outro lado
Do lado de fora do anúncio, em frente à sede do governo, havia uma manifestação de candidatos. Fecharam a rua. Queriam que o número de soldados PM do cadastro de reserva convocado fosse 1 mil e não apenas 500.
O terceiro lado
Quem está em cadastro de reserva não tem nenhuma garantia legal da convocação. O governador, nesse caso, levou em conta que 500 é o número presumido de praças que, anualmente, vão para a reserva. Está combinado com o comando que, em fevereiro do ano que vem, os outros 500 serão convocados.
O quarto lado
Há um problema com a segurança pública: quatro datas-bases das chamadas “forças de segurança” (Polícias Civil e Militar, além dos Bombeiros) estão em aberto. Ou seja, são quatro anos sem reposição inflacionária.
Quadro
A PM do Amazonas tem 7 mil homens. Dois mil estão no interior, 1 mil à disposição de órgãos terceiros e outros 600 em batalhões especializados, como Choque, Rocam, Canil etc. Sobram 3,4 mil, que trabalham em escala de 12 x 24 (12 horas trabalhando e 24 horas de folga) e 12 x 72 (12 trabalhando e 72 de folga). Para montar as turmas, nesse escala, o número de policiais disponíveis é dividido por cinco, o que dá 680 por turno de 12 horas. Manaus precisa de, no mínimo, 1 mil policiais por turno, dizem os especialistas. Isso explica a falta de policiamento nas ruas.
A guerra do tráfico
Não é à toa que se fala em “crime organizado”. O Primeiro Comando da Capital (PCC), feudo criminoso de Marco Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, comanda a tríplice-fronteira Brasil-Paraguai-Argentina. O Comando Vermelho (CV), de Fernandinho Beira-Mar, lidera o tráfico na tríplice-fronteira Brasil-Colômbia-Peru. O PCC quer o lugar do CV e isso vem gerando confrontos, mortes, guerra suja de gangues.
Empréstimo
Wilson Lima e Omar Aziz têm conversado. Muito. O governador depende do presidente da Comissão de Economia do Senado, Omar, para autorização de um empréstimo de R$ 6,5 bilhões. São R$ 3 bilhões do Banco do Brasil e US$ 585 milhões (perto de R$ 3,5 bilhões, na cotação deste 12/02/2025). O valor foi aprovado pela Assembleia Legislativa.
Omar na área
O senador Omar Aziz (PSD-AM) está colocando o bloco na rua. Na primeira quinzena de maio inicia uma série de viagens para o interior. É a campanha para o Governo do Estado.
Quem tem olhos para ver…
No começo de 2012, o calejado prefeito Amazonino Mendes deu ré de Scania e anunciou que não concorreria à reeleição. Foi um choque geral. O que houve? Amazonino havia delegado secretarias. Semsa, Semef, Casa Civil e Seminf, cada uma, tinha um “dono”. Daí que, ricos e poderosos, os tais proprietários não respeitavam ninguém e o chefe se recusava a desautorizá-los. O resultado foi que a popularidade de Amazonino despencou, provocando a inédita decisão, que nenhum outro chefe de Executivo do Brasil tomou. Corta para os dias atuais. Há rumores de chefetes montados em secretarias. Seguram esse comando chantageando a chefia. Para eles não serviu o exemplo do vice-governador que, recentemente, perdeu de supetão todo o poder que possuía. Todos diziam que essa “demissão” era impossível, por tudo que o vice sabia. Veio o corte, súbito, seguido de ameaças, e, em seguida, o mais completo silêncio. Ou seja, ainda há tempo para ouvir a voz das ruas e fazer uma mudança radical. Que voz? Aquela que elegeu o candidato que escolheu o chefe como alvo e delegou o quarto lugar para o candidato que o defendia. Quem tem olhos para ver que veja…
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