
Falta de Heineken em Manaus, em pleno verão, deixou os consumidores na mão
O rompimento da Coca-Cola com a Heineken e mais a falta de matéria-prima provocada pela pandemia de Covid-19 provocaram o desabastecimento da cerveja em Manaus. O representante das duas multinacionais na Região Norte, o amazonense Grupo Simões, fabricante e distribuidor da Coca-Cola, está de mãos amarradas. “Colabora também o sucesso da Heineken. Ninguém, nem na melhor das expectativas, imaginou que se tornaria a cerveja preferida dos brasileiros”, disse o superintendente do Grupo Simões, Aristarco Martins Neto.
“O processo de fabrico da Heineken é complexo. Não é o mesmo das cervejas pilsen. A cadeia de suprimentos toda sofreu impactos, em todas as cervejarias premium. São produtos que requerem processo mais longo e elaborado de produção”, disse o superintendente.
A assessoria da empresa, contatada pelo portal, enviou nota lacônica, falando em ” problema pontual” que já teria sido resolvido. Os pontos de venda, porém, ainda não apresentam o produto. O desabastecimento tem ocorrido diversas vezes, na capital amazonense.
Disputa
A disputa jurídica deve perdurar até junho de 2021, conforme acordo judicial entre Coca-Cola e Heineken, quando o rompimento será completo. O contrato é que os representantes da empresa de refrigerantes também distribuam a cerveja no País. Aristarco é mais otimista e vai na linha da nota da empresa: “Creio que, em mais alguns dias, o Brasil terá regularizado o abastecimento”, avalia.
A saída macro, conforme o noticiário em torno do imbróglio, pode ser um acordo, antes da data do rompimento, hipótese considerada remota. Outra possibilidade é que a Coca-Cola adquira um rótulo internacional de cerveja para representar no Brasil. E, finalmente, que o rompimento seja completo, mas a Heineken escolha alguns representantes da Coca para continuarem com a marca.
A Heineken adquiriu a Kaiser, que o Grupo Simões também distribuía, e a Schin, hoje Brasil Kirin. Nenhuma das duas tem outro representante no Norte. Daí que existe a possibilidade de, encerrado o período de contrato Coca-Cola-Heineken, o grupo holandês decida contratar a distribuição do próprio Grupo Simões.
Vendas avulsas
Os supermercados que recebem Heineken, nos últimos meses, estão fazendo compras diretas da fábrica. “Quando isso ocorre, o representante (Grupo Siomões) recebe a comissão diretamente da fábrica. E o supermercado aparece com alguma exclusividade do produto”, disse um especialista no mercado local.
Nos últimos dias, com o rigor do verão, o consumo de cervejas no Amazonas aumentou. E a falta de Heineken passou a se tornar mais visível. “O Sul e o Sudeste estão vivendo o período de inverno, quando o consumo de cerveja cai. Daí que, mesmo com a briga jurídica, a Heineken pode direcionar uma parte maior do estoque para o Norte, que está no verão. Isso reabasteceria o mercado”, afirma a fonte.
Uma das vantagens da marca holandesa é a total ausência de açúcar, o que ajuda os cervejeiros a prevenir – ou os que já possuem – doenças como o diabetes. Fundada em 1863, por Wandscheer Heineken, em Amsterdã, a Heineken tem cerca de 140 cervejarias, em mais de 70 países. Acumula cerca de 85 mil empregados.
A empresa fechou a fábrica em Manaus, na antiga Cervejaria Miranda Corrêa, no bairro de Aparecida, adquirida na compra da Kaiser. O abastecimento principal do Norte é feito pela fábrica da cidade de Pacatuba (CE), a 30 quilômetros da capital, Fortaleza.
Veja a posição oficial da Heineken Brasil, em resposta ao portal
“O Grupo HEINEKEN no Brasil informa que tem conhecimento de um impacto pontual no abastecimento do produto Cerveja Heineken® em Manaus. A situação já foi normalizada e a Companhia segue à disposição para atender consumidores e parceiros, por meio dos seus canais de atendimento. Grupo HEINEKEN no Brasil.
Obrigada e conte conosco,
Abraços,
Jessica Marins
Account Executive”
PS: Após a publicação desta matéria, a Heineken enviou nota explicativa sobre a situação jurídica da distribuição do produto no Brasil. Clique neste link para ver.
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