
Iniciativa popular, foi organizada pelo deputado federal Amom Mandel. (Foto: Divulgação)
Uma grande mobilização ecológica tomou conta do Igarapé do Gigante, bairro Tarumã, neste domingo (13), em mais uma edição do projeto Galho Forte, iniciativa do deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM), parceiros e voluntários que, há cinco anos, se dedicam a ações de conscientização e preservação ambiental. A ação reuniu cerca de 80 voluntários, que se dividiram em 30 embarcações para retirar resíduos sólidos do leito e das margens do igarapé.
Foram recolhidos aproximadamente 400 sacos de lixo de 200 litros, contendo desde materiais recicláveis até eletrodomésticos abandonados, como televisores e geladeiras. “Já são cinco anos do Galho Forte e essa ação marca o início de uma nova fase com a chegada do Matheus Garcia, que agora assume a coordenação do projeto. Ele já esteve comigo em outras frentes, como a expedição da BR-319, e agora lidera mais essa mobilização. É tudo feito com o apoio de voluntários e da iniciativa privada. Nenhum centavo de dinheiro público”, afirmou Amom.
Além do trabalho voluntário, a ação teve caráter educativo e comunitário. Os participantes receberam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), lanche, hidratação e todo suporte logístico para a remoção dos resíduos. Alem disso, eles concorreram a três televisores de 32 polegadas, doados pela empresa GBR Componentes da Amazônia, parceira do projeto também promovido pela Amazônia B e Amazônia Connect. A premiação foi pensada para estimular o engajamento e promover uma “competição do bem”, onde o lixo coletado vira símbolo de transformação.
Comunidade engajada
O voluntário Jhonata Passos foi um dos que participaram da ação pela primeira vez, motivado tanto pela admiração ao projeto quanto pela necessidade de mudança real em Manaus. Ele foi líder de um das três equipes que mais recolheram lixo do igarapé.
“Além de poder falar com o Amom, que eu acompanho desde que ele era vereador, eu estava esperando uma ação maior para poder participar. Manaus está escassa de limpeza, principalmente quem é ribeirinho vê o quanto as redondezas estão cheias de plástico e resíduos descartados de forma incorreta. Quando soube do sorteio da TV, chamei mais amigos, porque queria conversar com o Amom e ajudar a população manauara”, disse.
Prefeitura tentou ofuscar ação
A presença inesperada de equipes da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp) na Marina do Davi, no mesmo horário da ação, chamou atenção. A movimentação municipal ocorreu após o anúncio da ação do Galho Forte nas redes sociais e pode ser interpretada como uma tentativa de esvaziar o protagonismo do projeto – movimento que já havia sido feito pela gestão municipal em outras ações mobilizadas por Amom Mandel.
Apesar da presença de garis, a maior parte da equipe da prefeitura se concentrou nas margens do igarapé. Apenas duas embarcações da Semulsp entraram no leito do rio, além de duas pequenas balsas de apoio. Uma das barcaças levava apenas os agentes de mídia da secretaria que gravaram alguns minutos da ação para autopromoção da limpeza do igarapé.
As equipes da Prefeitura se retiraram por volta das 10h30, enquanto os voluntários do Galho Forte permaneceram até o meio-dia. A mobilização da Semulsp surpreendeu quem é usuário frequente da Marina do Davi aos fins de semana. “Eu fiquei surpresa quando vi um grupo de garis da Prefeitura justamente quando foi lançada a campanha, porque eles nunca estão aqui. No dia que a sociedade civil toma frente para fazer alguma coisa a Prefeitura vem. São bem-vindos para trabalhar, mas que não seja intimidar ou agir com hipocrisia, porque eles nunca estão aqui no fim de semana”, declarou uma frequentadora da Marina do Davi em relato ao deputado.
Um retrato da negligência
Entre os resíduos retirados estavam garrafas plásticas, isopor, medicamentos e lixo eletrônico. A situação do Igarapé do Gigante, que deságua no Tarumã-Açu, é reflexo direto da falta de infraestrutura e do abandono na gestão do esgotamento sanitário em bairros como Redenção, Planalto, Parque Mosaico e até mesmo a Ponta Negra.
“A quantidade de lixo que encontramos não é só um problema ambiental, é um reflexo da desigualdade de infraestrutura e da ausência de políticas públicas eficazes. Mas a comunidade está fazendo sua parte, e com união, é possível reverter esse cenário”, concluiu Amom.
Força da sociedade civil
Com aproximadamente 7 km de extensão, o Igarapé do Gigante nasce em meio à floresta próxima ao Aeroporto Internacional de Manaus e cruza bairros como Redenção, Planalto, Parque Mosaico, Lírio do Vale e Ponta Negra, até desaguar no Tarumã-Açú. Apesar de sua importância ecológica e social, sofre com o acúmulo de resíduos e o abandono do poder público.
A mobilização também contou com apoio da ONG Mata Viva, referência no cuidado com as nascentes dos rios na região de Manaus. O presidente Jó Farah destacou a importância da continuidade dessas ações. “O Igarapé Água Branca também contribui para a bacia do Rio Tarumã-Açu. Ele lança quatro milhões de litros de água limpa por ano nessa bacia, e a gente luta para manter essa água limpa, para que não aconteça com ele o que aconteceu com o Igarapé do Gigante. Não importa se a prefeitura participa ou não, o importante é a sociedade civil mostrar sua força — e é isso que estamos fazendo”, reforçou Jó.
O novo coordenador do Galho Forte, Matheus Garcia, também destacou que as próximas ações já estão sendo planejadas com foco em educação ambiental e inclusão das comunidades. “É importante que as empresas também ajudem. Estamos preparando uma ação no Igarapé Água Branca, em parceria com a GBR, onde vamos levar crianças das comunidades que vivem ao redor de igarapés poluídos para um dia de referência positiva, com educação ambiental. Isso muda vidas, muda o olhar dessas crianças sobre o próprio território”, afirmou.
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