Wilson acena para David e se reaproxima de Tadeu de Souza

Wilson acena para David

Wilson acena para David, nos movimentos de bastidores que preparam a saída dele do governo para concorrer ao Senado. Foto: Divulgação/Secom

O governador Wilson Lima está fazendo o dever de casa. Procura garantir a retaguarda, numa possível renúncia, em abril/2026, para concorrer ao Senado. As relações dele com o vice-governador Tadeu de Souza não podiam ser melhores. Os sinais são evidentes. Quarta (09/04), Tadeu lançou a 3ª Jornada Oftalmológica de São Paulo de Olivença, parceria governo-prefeitura. Ontem (10/04), estava no Conselho Deliberativo (Condel) da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Hoje (11/04), em entrevista ao A Crítica Podcast, apresentado pelo jornalista André Alves, Wilson deu um “sobe” para o prefeito David Almeida. Wilson acena para David, com a justificativa de que ele “está entendendo a saúde”.

 

Dois mais dois

A conta é simples: Tadeu é o vice-governador e se torna governador se Wilson renunciar. O sucessor é unha e carne com o prefeito de Manaus. O governador precisará do apoio de ambos, a um ano da renúncia, se for disputar uma das duas vagas para o Senado, em 2026.

 

Bolsonaro

Wilson também tem mostrado, decididamente, que estará ao lado de Jair Bolsonaro na eleição. Foi um dos sete governadores presentes ao ato do ex-presidente pela anistia ao 8 de janeiro – os outros foram MG, SC, SP, GO, PR e MT.

 

Bolsonaro (2)

Há uma curiosidade relacionada a Bolsonaro. Os políticos amazonenses, com raras exceções, mantêm um olho na votação avantajada do Coronel Menezes para o Senado, em 2022. Ninguém parece ligar para o último plebiscito eleitoral em Manaus, a eleição para prefeito, onde o ex-presidente apoiou, veio à cidade e pediu voto para o capitão Alberto Neto, derrotado por David Almeida. A questão é que, apesar de não eleger, Bolsonaro colocou o apagado Alberto Neto no 2º Turno

 

Alberto Neto, Plínio Valério e Wilson Lima

A esteira eleitoral de Bolsonaro pode ser disputada por três candidatos ao Senado: o deputado federal Alberto Neto (PL-AM), o atual senador Plínio Valério (PSDB-AM) e o governador Wilson Lima. E são apenas duas vagas.

 

Omar Aziz

O senador Omar Aziz (PSD-AM), estreitamente ligado a Lula, tem feito contas. Favorito à sucessão de Wilson Lima, ele teme que a rejeição ao presidente cresça e transborde para o interior. É lá que Omar tem fincado o maior contingente eleitoral. A contabilidade depende de muitos fatores, inclusive externos, como as ações do presidente Trump. No plano interno, se a economia não melhorar o próprio Lula terá dificuldade em 2026.

 

Eduardo Braga

O senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder nas pesquisas para renovar o mandato, em 2026, também depende da popularidade de Lula. O presidente tem sido generoso na liberação das emendas parlamentares dele, para a capital e o interior. Agora precisa converter esses valores em popularidade e voto.

 

BR-319

No meio de tudo isso, a rodovia federal BR-319 se tornou crucial para Lula, Omar e Braga. Saindo o asfaltamento – ou pelo menos iniciando –, os três terão pavimentado o caminho eleitoral. O problema é que o tempo está correndo e nada de desatarem o nó da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no licenciamento da obra.

 

Rotta na corrida

O ex-vice-prefeito de Arthur Virgílio e David Almeida, nos primeiros quatro anos, Marcos Rotta, é o novo nome na corrida pelo Senado. David tem dito a todos que definiu Omar Aziz para o Governo do Estado e Braga e Rotta para o Senado.

 

Trajetória

Rotta teve quatro mandatos de deputado estadual (1999-2014), um de deputado federal (2015-2016) e de lá saiu para ser vice-prefeito. De 2017 a 2024 ocupou a segunda cadeira da Prefeitura. Agora, chefe da Casa Civil de David Almeida, primeiro secretário anunciado após a reeleição, ele demonstra força política para alçar voos mais altos.

 

Disputa boa

A disputa do Senado, que é majoritária, promete. O eleitor terá direito a dois votos. Não tem nada de “primeira e segunda opção”. Os dois votos, colocados na urna ao mesmo tempo, têm pesos iguais.

 

História

Na história política estadual já houve alavancagens consideradas impossíveis, até o momento da abertura das urnas. Confira:

 

Fábio e De Carli

Em 1982, o então senador Fábio Lucena, ainda com quatro anos de mandato pela frente, decidiu se candidatar outra vez. Ele queria escapar das discussões sobre se os senadores eleitos em 1982 teriam ou não assento na Assembleia Nacional Constituinte. Formou uma chapa, no antigo MDB, com o empresário Carlos Alberto De Carli, deputado federal bem votado. Enfrentaram o deputado federal Mário Frota e o senador Raimundo Parente, na oposição chamada Muda Amazonas. Frota favorito, Parente senador biônico, próximo à ditadura, que ainda comandava a Nação, pareciam ter estofo de sobra. Venceram Fábio e De Carli. Tudo bem que houve um apagar das luzes na cidade, suposta reunião de escrutinadores com candidato a governador (Mestrinho) e, na volta, uma reviravolta na contagem (manual) de votos.

 

Braga e Vanessa

Outra reviravolta em dupla ocorreu em 2012. Arthur Virgílio Neto, várias vezes eleito senador mais influente do País, era favorito. Tornou-se voz solitária do Amazonas na oposição ao PT, com Lula e Dilma na Presidência da República. Veio a eleição e Braga, ex-governador, “puxou” Vanessa Grazziotin. Os dois ficaram com as duas vagas em disputa. Virgílio ficou atrás de Vanessa por pouco mais de 20 mil votos.

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