Bebê indígena que fez transfusão inédita intrauterina recebe alta da maternidade Ana Braga

Bebê indígena que fez transfusão inédita intrauterina recebe alta da maternidade Ana Braga

Após dois meses de internação, a pequena Eloá, bebê indígena da etnia Baré, que nasceu prematura e recebeu duas transfusões sanguíneas intrauterinas ainda no ventre materno, teve alta da Maternidade Ana Braga, da Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM), em Manaus. O procedimento considerado de alta complexidade foi realizado de forma inédita na rede pública estadual e garantiu a sobrevivência de mãe e filha.

Eloá nasceu no dia 8 de fevereiro, de parto cesáreo, após a mãe, Daniela Tavares, enfrentar uma gestação de alto risco devido à incompatibilidade sanguínea entre ambas.

Paciente

A paciente, de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), foi identificada por meio do programa de Telemonitoramento de Pré-Natal de Alto Risco (TelePNAR). O programa, de Telemedicina, é realizado através de parceria entre a SES-AM, Universidade do Amazonas (Ufam) e Ministério da Saúde (MS), com foco em áreas remotas do Estado.

A secretária de Saúde do Amazonas, Nayara Maksoud, destaca a importância do TelePNAR na redução da mortalidade materna no Estado. Segundo ela, entre 2024 e 2025, houve uma queda histórica de 49% nos índices, resultado do aprimoramento da assistência às gestantes de alto risco e do acesso à Telemedicina.

Cuidados

“A nossa Maternidade Ana Braga, somada ao cuidado multidisciplinar e à expertise dos nossos profissionais do Estado, realizou esse procedimento inédito que salvou a vida dessa família. Isso mostra a força do sistema de saúde do Amazonas, que enfrentou barreiras geográficas e realizou, com muita precisão e cuidado, tanto o procedimento quanto o acompanhamento. Isso mostra o quanto podemos avançar e fortalecer cada vez mais o SUS”, disse.

Tratamento e recuperação 

Após o tratamento na UTI, Eloá ganhou peso, passando de 2,265 kg para 2,620 kg. De acordo com o diretor da Maternidade Ana Braga, Edilson Albuquerque, a bebê já realiza sessões do Método Canguru, que auxilia na amamentação e favorece o vínculo entre mãe e filha, o que contribuiu para alta definitiva da maternidade.

“Foi um verdadeiro milagre, pois ela passou por mais de quatro paradas cardíacas e dias intensos na UTI. Agora, em casa, segue em recuperação e fortalecimento”, disse.

O médico obstetra Carlos Henrique Esteves Freire, da Ufam e que integra o programa TelePNAR, foi quem identificou o caso da paciente. Junto a equipe, indicou a transferência para Manaus. “Foi um trabalho em equipe, que envolveu diferentes especialidades para garantir que tanto a mãe quanto o bebê tivessem o melhor atendimento possível”, afirmou.

Emoção

Daniela Tavares, emocionada, comemorou a vida da filha e ressaltou que a Maternidade Ana Braga foi fundamental na recuperação e não desistiu em nenhum momento do bem-estar da pequena e da família.

“Eu acredito no SUS, eles fizeram o possível e o impossível, a minha filha é a prova viva disso. Desde a barriga, a Maternidade Ana Braga foi um instrumento de recuperação. Uma bebê que estava em estado gravíssimo, teve várias paradas cardíacas e mesmo assim, os profissionais nunca desistiram. Na minha gestação, também fizeram de tudo, e no meu parto, se empenharam para garantir o melhor para mim e para a minha filha”, contou.

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