
Terremoto espalha mortes e destruição em Mianmar e Tailândia
Em Bangcoc, capital da Tailândia, um prédio de 30 andares em construção veio ao chão, sepultando pelo menos 110 dos 400 operários. Edifícios balançaram, de um lado para o outro, como se fossem varetas. A água das piscinas situadas no alto dos prédios derramou sobre as ruas.
As autoridades decretaram estado de emergência. Mas foi Mianmar (antiga Birmânia), país governado por uma junta militar desde o golpe de 2021, que sofreu um impacto devastador do terremoto de 7,7 graus na escala Richter (aberta, raramente chega a 9).
Tremor
Com uma profundidade de 10km, o tremor — registrado pelo Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS) às 12h50 locais desta sexta-feira, 28/3 (3h20 em Brasília) — teve como epicentro a localidade de Sagaing.
A 24km a nordeste, Mandalay e região foram as mais afetadas. Em Amarapura, cidade de 237 mil habitantes situada a 9km de Mandalay, um quinto dos prédios sofreu graves danos. Autoridades birmanesas admitem que levará semanas para se ter uma ideia do total de vítimas e dos prejuízos em Mianmar.
As redes de comunicação foram afetadas e várias áreas seguiam isoladas. Até o fechamento desta edição, 144 corpos tinham sido encontrados e 732 feridos, socorridos. Uma projeção do USGS estima em milhares o número de mortos.
Apelo para ajuda
A catástrofe levou Min Aung Hlaing, chefe da Junta Militar que governa Mianmar, a fazer um apelo pouco comum. “Gostaria de convidar qualquer país, qualquer organização ou qualquer pessoa de Mianmar para virem ajudar. Obrigado”, declarou, em discurso transmitido pela tevê, depois de visitar um hospital na capital, Naypyidaw. Ele declarou estado de emergência em seis regiões. Prédios e casas ruíram em Mandalay e em outras cidades.
Durante a madrugada, a população e socorristas cavavam os escombros com as próprias mãos, em busca de sobreviventes.
Em Mandalay, templos budistas se transformaram em ruínas. Um deles, o Pagode de Mahamuni, construído em 1785 e coberto com 12 mil quilos de folhas de ouro, ruiu. Fendas foram abertas em rodovias, e a famosa Ponte Ava, construída sobre o Rio Irrawady nos tempos coloniais, desmoronou.
Médicos
Depois do apelo de Hlaing, a União Europeia, a Índia e os EUA se colocaram de prontidão para enviar ajuda. Uma equipe de 37 médicos da China embarcou para Mianmar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ativou o sistema de gestão de emergências e mobilizou um centro logístico em Dubai para preparar suprimentos. A agência de notícias France-Presse informou que o hospital geral de Naypyidaw, a 250km do epicentro, recebeu centenas de vítimas.
“Nunca vi nada assim. Estamos tentando administrar a situação”, declarou um médico. Feridos aguardavam atendimento no chão ou em macas improvisadas.
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) classificou como “incrivelmente desafiadora” a missão de alcançar as vítimas, ante um blecaute de comunicação em Mianmar. De tão intenso, o terremoto também foi sentido na China, Camboja, Bangladesh e Índia.
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