
Subida do nível dos oceanos surpreende pesquisadores da Nasa
Nesta semana, um informe divulgado pela NASA [NASA Analysis Shows Unexpected Amount of Sea Level Rise in 2024] comenta que a elevação do nível do mar está ocorrendo em um ritmo maior do que o previsto.
Desde o início dos registros por satélite em 1993, a velocidade anual de elevação do nível do mar mais que duplicou. Entre 1993 e 2024, o nível global do oceano aumentou em 10 centímetros.
É importante considerar que esses 10 cm representam uma média. Portanto, esse aumento não ocorre de maneira homogênea em todo o planeta. Há áreas mais afetadas, onde esse aumento é mais intenso, e outras onde o nível subiu menos.
Aumento
Esse aumento, em pouco mais de três décadas, é muito preocupante, especialmente diante da tendência de sua aceleração. Parte desse aumento é devido ao derretimento de geleiras continentais que apresentam forte regressão em diversas áreas. Outra parte da elevação é devida à expansão térmica das águas pelo aquecimento.
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado desde que as medições começaram a ser realizadas de maneira sistemática. Houve, é certo, a influência do El Niño que representa um aquecimento das águas do Oceano Pacífico em sua porção equatorial. Mas esse evento durou até a metade do ano passado, sendo sucedido por uma fase de neutralidade.
La Niña
No final do ano, teve o início do fenômeno La Niña, antes prognosticado para o mês de agosto. Entretanto, o aquecimento dos oceanos foi um impedimento para que o La Niña, que representa um resfriamento das águas equatoriais do Pacífico, se manifestasse antes.
E o aquecimento das águas oceânicas vai reduzir a duração do La Niña, que poderá ser o mais curto desde que as medições de temperaturas oceânicas começaram a ser feitas em 1950.
Em 2024, foi ultrapassada, de maneira sistemática, o limite estabelecido pelo Acordo de Paris para que a elevação média da temperatura global não ultrapassasse 1,5 °C.
A próxima figura mostra a anomalia de temperatura entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, tendo como base o período de referência (temperaturas médias) entre 1991 e 2020.
A figura mostra que quase todo o planeta está apresentando temperaturas acima da média, especialmente no hemisfério norte. É por isso que se espera, para os próximos anos, que durante o verão nesse hemisfério ocorra um degelo total da calota polar.
Esse aquecimento também provoca a redução do gelo na Groenlândia e Canadá, além de áreas na Rússia, alimentando ainda mais o processo de elevação do nível do mar.
Elevação não linear
Essa elevação continuará ocorrendo em progressão não linear. É esperado que, em quinze anos, ela chegue a 16 cm. Os primeiros 5 cm de elevação demoraram cerca de 22 anos para ocorrer. Os 5 cm posteriores levaram cerca de 10 anos. Em resumo, a elevação está sendo acelerada. Em 15 anos, mais 6 cm serão acrescentados a essa conta.
No Brasil, com uma extensa área litorânea, há vários locais que sofrem com a elevação do nível do mar. Há processos de erosão da linha costeira com o avanço do mar e cidades com dificuldades de escoamento das águas das chuvas. Os dados mostram a urgência do problema.
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