
Força Nacional atolada na BR-319 e uma das viaturas (foto) foi parar dentro de igarapé nas margens da rodovia, nas proximidades do Careiro da Várzea. Foto: Wesley Lira
A Força Nacional, ajuda do Governo Federal ao Amazonas, diante do lockdown imposto pelo crime organizado, trouxe viaturas. Veio, porém, pela rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho). Está atolada há dias no barro da estrada, destruída poucos anos após ter sido asfaltada. Um dos carros deslizou e caiu num barranco, indo parar dentro de um igarapé que margeia a via. Somente nesta sexta (11/06), dias após os próprios criminosos ordenarem o fim dos ataques e alguns deles serem presos, o restante dos 144 homens e seus carros desembarcam no porto da Ceasa. É mais uma prova de que o conhecimento logístico e a importância governamental, quanto ao Norte do Brasil, são praticamente nulos.
Uma ação policial desse porte, tão necessária quanto urgente, deveria utilizar os meios mais rápidos. Podia, por exemplo, aproveitar a cheia do rio Madeira e trazer as viaturas por balsas, descendo o rio. Em Itacoatiara, na foz do Madeira, as viaturas seriam desembargadas e rodariam, pela AM-010 (Manaus-Itacoatiara). A operação seria fácil e rapidamente coberta, usando o farto know how das empresas que fazem esse trajeto rotineiramente.
O único ponto positivo da desastrada operação foi demonstrar, com as fotos das viaturas atoladas e os vídeos da que caiu no igarapé, a situação precária da estrada. É inadmissível uma rodovia ter o nome de “federal” e ser mantida do jeito que está, com milhares de brasileiros condenados ao deslocamento precário, penoso. E até ceifando vidas.
Contexto histórico
É irracional manter Amazonas e Roraima isolados do resto do Brasil. As calamidades servem para mostrar isso. Não é à toa que um dos pilares de Adolph Hitler, para a guerra que por pouco não o levou ao topo do mundo, foi a construção de rodovias até hoje consideradas as mais modernas do mundo. Detalhe é que o planeta as conhece como “Autobahn“, que em alemão significa, simplesmente, “Autoestrada”.
O presidente dos Estados Unidos Dwight D. Eisenhower, inspirado nas Autobahn, obteve a aprovação do “Ato de Ajuda Federal para Autoestradas”. Foi no dia 29 de junho de 1956. Desde então, os EUA construíram os atuais 75.932 quilômetros de rodovias, mundialmente atrás apenas da China. É o Interstate Freeway System.
Um dado comparativo importante, diante dessa quilometragem de rodovias norte-americanas, é a distância Manaus-Porto Alegre: 4.480,6 quilômetros, por rodovias. São extremos brasileiros. Uma titica, perto do que Tio Sam construiu.
Resta então ao Amazonas gritar, cada vez mais, aproveitando fatos como a grotesca logística das viaturas da Força Nacional. Ou, no pior momento da pandemia, a odisseia para trazer oxigênio de outros Estados, em caminhões, na mesma BR-319.
Ninguém aceita mais o Amazonas só ser importante para o Brasil quando se fala em defender a Amazônia.
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