
Turismo nas estradas das cercanias de Manaus, pelas estradas, tem belos cenários, como a praia do Lago, em Paricatuba (foto)
Há ainda quem repita a frase de Álvaro Maia, em famoso discurso: “No Amazonas as estradas são os rios”. Certo. Mais de 90% do abastecimento do interior é feito pelas águas amazonenses. O problema é que isso impede as possibilidades abertas pelas estradas. Fomentar o turismo, nas cercanias de Manaus, seria uma forma de incrementar essa indústria e, ao mesmo tempo, a cultura rodoviária.
Álvaro Maia faleceu em 1969. Foi um grande político, visionário, sobrevivente das tramas políticas nacionais, duas vezes interventor e duas vezes governador do Estado.
O grande caudilho, porém, não conseguiu ver o bem que as rodovias fazem ao povo do interior amazonense. Perguntem a alguém que more ou trabalhe na calha do rio Madeira sobre esses benefícios. Indague se ele ainda vai dar a volta lá em Itacoatiara, num recreio, ou se desce no Rosarinho, em Autazes, para vir de ônibus a Manaus?
O morador ou trabalhador de Nova Olinda do Norte, por exemplo, pode até se dar ao luxo de atravessar o carro, numa balsa. Chegando ao Rosarinho seguirá viagem, sempre no asfalto, até a balsa do Careiro e Manaus.
Manaquiri, a uma hora de barco tipo Ajato, também tem quem prefira a estrada. São 40 quilômetros de ramal e depois outros cerca de 90 da BR-319, até a balsa do Careiro.
Rio Preto da Eva (AM-010, Manaus-Itacoatiara) fica atupetada de ônibus nos fins de semana e feriados. Presidente Figueiredo (BR-174, Manaus-Boa Vista) da mesma forma.
Quem gosta mais de aventura ou gosta de dirigir vai a Novo Airão (AM-070, Manaus-Manacapuru, e AM-352, Manacapuru-Novo Airão). São 84 quilômetros até o entroncamento da rodovia com a de Manacapuru e outros 96 quilômetros até a cidade. A estrada é sinuosa, a AM-070, em fase de duplicação, está muito ruim, mas… Logo após a aventura se descortina o paradisíaco arquipélago de Anavilhanas. E Novo Airão tem um astral renovador.
(Parênteses para registrar um fato):
Casal de jornalistas, de grande rede internacional de TV, foi visitar Novo Airão. Marido e esposa trouxeram os dois filhos. Quando chegaram aos primeiros 10 quilômetros da AM-352 as crianças estavam vomitando e a esposa com muita dor de cabeça. Pensaram em desistir, por causa da buraqueira. Depois, diante do tempo e dinheiro gastos, cansaço da viagem, falta de hotel para aquele dia em Manaus etc. continuaram. Voltaram tomados por grande encantamento. Convidaram todos os amigos. Até dezembro deste ano, muitos deles contribuirão para aumentar a ocupação dos hotéis de Novo Airão.
(Fecha parênteses)
Acrescentem-se as praias de Iranduba – Açutuba, Japonês e Praia do Lago (Paricatuba), que é uma miniatura de Alter do Chão. O cenário está preparado para um arranjo turístico em torno das cercanias de Manaus.
Faltam detalhes.
O principal deles é que não se faz turismo sem entregar a mercadoria prometida. Isto é: segurança, conforto, acomodação, estrutura, higiene. Mesmo em cenário natural – caso de praia ou cachoeira -, o turista quer bares sortidos, limpos, e restaurante decente.
Surpreenda o turista. Ajude a iniciativa privada. Não permita que nada atrapalhe. Novo Airão, só com empresários investindo, mesmo com os governos passados atrapalhando, está quase chegando lá.
A duplicação da rodovia AM-070, que Wilson Lima promete concluir até 2020, encontrará Novo Airão estruturada para turistas. Faltando pouco – fica melhor. E por que não concluir a duplicação em 2019, se a obra está avançada? E se chegamos ao 5º governador responsável pela duplicação?
O turismo explode se tiver estradas bem conservadas e confortáveis.
Passou da hora de duplicar a AM-010, pelo menos, e inicialmente, até Rio Preto da Eva. É onde existe o maior tráfego e os trechos mais sinuosos. São cerca de 80 quilômetros.
Idem para a duplicação da BR-174, até Figueiredo, a Terra das Cachoeiras, cuja beleza natural é indiscutível. Fora o fato de estar a apenas 100 quilômetros de Manaus. Nem tão perto, tampouco muito longe.
A estruturação do turismo nas cercanias de Manaus, nas estradas, é algo tão barato e fácil quanto urgente. Permitiria levar, por exemplo, às feiras internacionais de turismo uma gama maior de produtos. Ficaria mais fácil justificar as viagens para o circuito Elizabeth Arden. Não esqueçamos: tivemos dirigentes de turismo que deitaram sobre o setor, anos a fio, e só deixaram de rastro essas viagens improdutivas. E caras.
Mostrar o quê nas feiras internacionais? Teatro Amazonas e Festival de Parintins? É pouco para um Estado com belezas de Norte a Sul, Leste a Oeste.
O turismo nas estradas das cercanias de Manaus é um começo. Depois vêm São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Barcelos, rio Andirá, rio Urubu… Tem muito trabalho pela frente.
O começo de tudo é o Fundo de Fomento ao Turismo, Infraestrutura, Serviços e Interiorização do Desenvolvimento do Amazonas (FTI). o FTI precisa ser resgatado 100% para o turismo. São cerca de R$ 700 milhões/ano que, se bem usados, resolvem a parada.
Ainda sobre estradas: o peso que os políticos estão dando apenas à BR-319 pode criar a seguinte situação. O presidente Bolsonaro asfalta a rodovia e considera o Amazonas contemplado pelo Governo Federal. “Fiz minha parte”, dirá ele. É significativo o asfaltamento. Importante. Fundamental. Mas pouco, como infraestrutura. É possível pensar maior.
É preciso mais, antes que esse fato consumado ocorra: Duplique a BR-174 até Figueiredo e ajude a duplicar a AM-010. Estruture os portos, sem aquelas barbeiragens feitas por Alfredo Nascimento e sua turma. Isso quase não tem barreira ambiental. É muito mais fácil, sem esse contencioso. Aí estão bandeiras mais amplas para os políticos. Aí sim, o Amazonas estará um pouco mais contemplado.
O Amazonas não tem tempo a perder.
👏👏👏🏼👏👏
Como sempre, vc me surpreende, parabéns por esta visão privilegiada e onde poucos ou quase ninguém tem tanta clareza em expressar, apoiar e indicar um caminho para o desenvolvimento de nosso estado.