
Para diretor de “Cidade de Deus”, foco de uma sequência do filme seria sobre as grandes facções criminosas do País, como PCC, CV e a local FDN
Quinze anos depois de dois filmes emblemáticos e com foco na segurança pública, violência, corrupção e tráfico de drogas do Rio de Janeiro e que se repete em grandes capitais brasileiras, “Cidade de Deus”, e dez de “Tropa de Elite”, pouco mudou na realidade brasileira.
Cineasta de “Cidade de Deus”, o diretor Fernando Meirelles diz que uma continuação do filme teria outro enfoque na insegurança vivida no momento atual e da declarada falta de capacidade do Estado agir para combater o tráfico, muitas vezes sendo necessário recorrer às Forças Armadas.
Leis próprias
Uma continuação colocaria a lupa em cima de um mundo com leis próprias que tomam conta desde favelas no Rio até cadeias no Amazonas, e que se transformaram em indústrias do crime: as facções criminosas.
Meirelles vê a criação de espécies de grandes empresas distribuidoras de drogas, que passaram a controlar várias comunidades e a disputar o controle das cidades.
Elas são o CV (Comando Vermelho) e ADA (Amigos dos Amigos), citadas como as maiores. “Hoje já há grupos trabalhando pelo controle nacional como o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a FDN (Família do Norte). Imagina-se que o próximo movimento deverá ser ligações mais fortes com o mercado internacional, que já deve existir em algum nível dado o volume que estas grandes empresas nacionais negociam”, comenta o cineasta.
Lógica
“Essa ideia de franquia de droga era nova na época”, falou Meirelles em entrevista ao jornal O Globo, analisando o que mudou desde a conjuntura da “Cidade de Deus” de Zé Pequeno.
A lógica do tráfico não parece ser diferente da lógica do mercado, o apetite é igualzinho, o que muda são as armas. Bala de um lado, marketing do outro.
Massacre
O massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no primeiro dia deste ano, foi mais um capítulo da disputa de poder entre as maiores facções criminosas do País, o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho, e revela como o tráfico transnacional de drogas transformou-se em uma atividade bem organizada.
Responsável pelas mortes, a FDN é um dos grupos que surgiram nos Estados para conter o PCC – a FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do País.
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